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20-10-2004

Ídolos de hoje ou referências de sempre?


Opinião

Passar um tempo numa sala de espera a aguardar vez, pode ser um exercício enriquecedor pelo que se observa, se ouve e até se lê naquelas revistas, folheadas por muitas mãos que, não sendo da semana passada, conservam ainda alguma leitura que não perdeu actualidade. Gosto desta experiência, sempre que tenho de a fazer, porque não é tempo perdido.

A capa falava de um dos ídolos do desporto, nosso conterrâneo, que, pelos seus altos ordenados e chorudos proventos de publicidade, contabiliza mensalmente dois milhões e quatrocentos mil euros, o que dá, em moeda de mais compreensão, 16 mil contos por dia. Tem fundação própria e ligação com outras de diversos países, para variadas iniciativas a favor de causas válidas e nobres, sociais e de outra ordem.

A última página trazia respostas de um cantor da nossa praça, muito conhecido, até lá se dizia que tinha coisas em que era o primeiro. Desabafava ele, entre coisas banais e menos limpas, que gostava que a sua última refeição fosse uma "overdose de ostras e cocaína".

Gente nova, e até pais que voam sempre acima das nuvens no que respeita ao futuro dos filhos, olham os ídolos que a sorte bafejou, com sentimentos de mal disfarçada cupidez, e vão sonhando desejos de igualdade. Olham-se outros, também eles ídolos mais efémeros, encandeados pelo brilho das luzes da ribalta, e lá se vão sonhando vidas fáceis com um golpe de fama, sem saber bem como merecê-la ou alcançá-la.

Nem todos os ídolos que alcançaram honras de capa de revista, estão na fila das pessoas e dos nomes de referências. A publicidade os constrói e os esfarrapa, os aproveita e os deita fora. Até nisto o efémero se vai impondo como norma dos tempos que correm. Se não são eles próprios a cultivar um sentido para a sua vida e a pensar ao mesmo tempo na vida dos outros, quando a roda da sorte os protegeu, até o dinheiro pode sufocar e, mesmo com contas astronómicas na banca, as suas vidas não terem cotação.

O barulho de plateias a vibrar não é eterno para os que afinam na música, mas levam uma vida cheia de ruídos e dissonâncias.

As referências válidas e provadas, mesmo que não se identifiquem com o brilho dos ídolos publicitados, são cada vez mais necessárias, mesmo que não falte quem as encubra de nuvens para impedir o seu brilho e estímulo.

Todos nós conhecemos grandes estátuas hoje apeadas, e nomes que não se esquecerão mais.

Faz impressão ver como a ignorância preconceituosa de alguns, em nome de exigências legais sem perspectivas de bem, pretende denegrir o nome do Padre Américo e da Obra do Gaiato, uma referência inapagável no campo da pedagogia ao serviço da promoção humana, ao mesmo tempo que, em universidades estrangeiras, se fazem teses de doutoramento sobre este homem genial e a Obra em que ele deixou e continuam as suas marcas de solidariedade efectiva para com as crianças da rua, desprezadas e pobres. Foi pela sua dedicação, bebida e inspirada no Evangelho de Cristo, que o seu saber, aliado a uma liberdade interior sem limites, foi fazendo do lixo desprezado da rua, homens dignos e cidadãos respeitáveis.

Os ídolos podem ser, às claras ou às ocultas, estátuas com pés de barro. As referências humanas válidas, ainda que sem nome na rua ou na praça pública, têm em si consistência para ultrapassar o tempo. São estas que a educação não pode dispensar.

António Marcelino*
*Bispo de Aveiro


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